Envolvida

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Já estava na livraria a horas à procura de algo prà comprar. De algum tempo prà cá que passara a ser o meu novo passatempo, andar pelas livrárias locais pequenas, as que vendiam livros usados, principalmente títulos antigos.
Tirei dois livros mas levaria apenas um.
Não só os comprava pela mensagem e estilo literário mas mais ainda pelas surpresas que encontrava neles muitas vezes; mensagens de amor, dedicatórias, anotações. O primeiro que abri, cativou a minha atenção com a mensagem na contracapa.

"Ontem amei-te por não saber quem era. Hoje amo-te por aprender quem sou. Abriste o meu coração e desvendaste os meus olhos. Fizeste-me mulher."

Eternamente grata,

Eu

Corri com ele até a caixa e daí à casa. Com essa nova rotina, cada livro lido, cada momento partilhado com eles às mãos, transportava-me mentalmente por uma jornada inexplicável. De tão vivídas as experiências, por vezes até as sensações físicas sinto.

Chovia fininho quando cheguei à casa. Preparei um chocolate quente com bastante creme chantili e polvilhei-lhe canela para aromatiza-lo. Sentei-me à janela, no sofá pequeno no canto da marquise e distrai-me por minutos a observar a forma como os pingos da chuva tentavam atravessar o vidro num movimento diagonal. Pareciam querer entrar e albergar-se do frio de cacimbo de Julho, que esse ano sentia-se no osso. Encolhi-me e aqueci as mãos com a caneca do chocolate. Tomei um golezinho e reabri o livro, pronta a viver a aventura que a leitura passou a dar a minha vida.
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