Tropeços liricos- Mais um bocadinho

[...]


Apercebeu-se então que estava molhada de vinho. Lembrou-se que haviam cacos no chão. Levantou-se com cuidado e foi a cozinha buscar a vassoura e pá. Abriu a porta da despensa e desatou aos choros, caindo de gatas no chão.
Os toques do telefone não a interromperam, nem a música a distraiu. Despertou-a apenas o toque persistente da campanhia, tempos depois. Hesitou, mas, arrastando-se, quase que inicialmente cambaleando, foi ver quem podia ser o impaciente que tocava e batia a porta ao mesmo tempo.
Não queria companhia, mas a Evita persistia gritando da parte de fora, “abre a porta que eu sei que estás em casa.” Demorou-se, mas abriu a porta. A amiga entrou, agarrando-a pelo pulso de volta à cozinha.
-Vamos abrir a nossa garrafa de vinho e vamos conversar.

[...] 

Comments

  1. Fantástico. Toda vez que leio um texto seu, sinto que afinal angola não é tão pobre assim, como se pensa, pois se enriquece tamanha força literária.
    Vou querer saber sobre o que as meninas se puseram a falar e como ela ficou depois de tudo.
    Sempre a morrer de gosto de ti.

    Bjo.

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    1. Já antes tinha partilhado um bocadinho de texto desse mesmo conto... Ainda bem que gostaste. Quem sabe partilharei mais daqui a tempos.

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