Entrevista- Francisca Nzenze


Decidi entrevistar alguns autores Angolanos novos no mercado para conhecermos as suas obras, o seu trabalho. Decidi começar essa nova rubrica aqui do blog com Francisca Nzenze, escritora e artista, já mencionada antes no D&P, pelo seu primeiro livro infantil intitulado, “A minha amiga Propoletra.”

Francisca, com que idade começaste a criar a tua arte e qual foi a tua primeira peça?

Desde pequena sempre gostei de desenhar. Mais recentemente, quando nasceram os meus filhos, a rotina como mãe contadora de história, passou a ser mãe 'inventora" de histórias. A criatividade foi surgindo à medida que as crianças iam pedindo para contar mais e mais histórias. Daí, facilmente surgiu o casamento dos contos que inventava e os desenhos.

Que livro, se algum, influenciou na tua decisão de escreveres/ilustrares?

Nenhum em particular. Mas devo dizer que cada livro que compro para os meus filhos são um pouco meus. Gosto muito dos livros infantis. Ensinam muita coisa!

Conheço alguns dos teus trabalhos, tenho já a Propoletra em mão… Do que é que gostas mais de fazer, ilustrar, escrever ou pintar?

Gosto muito de pintar, escrever não é exactamente algo simples, nem tão orgânico quanto a pintura. Tenho de pensar nos leitores, em como uma criança vai ler, interpretar a história. É um exercício em progresso constante a escrita...

O que é que te inspira prà escrever? E para pintar?

A vida está cheia de situações que inspiram a escrita. Muitas vezes está onde menos se espera. Mas eu não procuro inspiração, acho que ela se me apresenta. As vezes vêm discretas, as vezes escancaradas!

Como escreves e ilustras, de que forma começas as tuas estórias, desenhando ou escrevendo?

Sempre começo escrevendo. Posso até ter o personagem desenhado na minha cabeça, mas ele só vai para o papel quando a história estiver bem formada, elaborada e escrita.

Alguns autores preparam os detalhes das estórias (por exemplo, as personagens, algumas das cenas, antes de construírem a estória por completo). Qual é o teu processo?

Eu já fiz uma história baseada num sonho, outra surgiu por que o meu filho não parava de fazer perguntas, outra surgiu num jogo com amigas no Facebook... Não tenho exactamente um critério específico para criar as histórias.

Iniciaste no mercado Angolano com o livro infantil “A minha amiga Propoletra”, como mencionei antes, pretendes seguir com a literatura infantil ou alguma vez pensaste em escrever para outro público?

É possível. Mas não tenho definido. Actualmente faço umas ilustrações com algum texto para um grupo, angolanas naturais, no formato de banda desenhada... É dirigido a um público bem diferente do infantil.

Até aqui, que obstáculos tens encontrado em ter acesso ao mercado Angolano de edição quer como autora como ilustradora?

Não vivo em Angola, daí não ter muito o que dizer. Mas da experiencia que foi com o primeiro livro posso dizer que não foi um processo simples. Nem acho que por dificuldades da editora, acho que foi mais por descaso com a literatura infantil. Não acho que seja um segmento lucrativo para as pequenas editoras do país. Foi com a Nzila que trabalhei nesse primeiro livro. Com o segundo posso dizer que foi um descaso ainda maior porque, após dois anos nas mãos do editor com promessa de edição, simplesmente desistiram de editar, sem mais nem porquê. Disseram mais tarde que foi por falta de patrocínio. Mas, enfim, vivendo e aprendendo. Nunca se deve trabalhar sem assinar um contracto, porque afinal os homens hoje em dia já não têm palavra.

Fala-me dos quadros que pintas. Já vendeste algum no mercado Angolano? Se ainda não, quando é que veremos o teu trabalho por lá?

Não. Só pinto para mim e para amigos. Não sei se venderei em Angola. Por ora estou mais interessada em tentar editar os livros infantis aqui onde moro, no Brasil.

Quais eram os teus títulos favoritos quando criança e hoje como adulta, como mãe?

Gostava muito do Noddy quando era criança. Hoje leio muitos, não sou capaz de eleger um favorito.
 
Prà além daqui no D&P, aonde é que os interessados poderão ver mais do teu trabalho? Tens um blog, site ou página no Facebook?

Não tenho um blog e a minha página de Facebook é restrita a amigos. Ver o meu trabalho? Acho que só comprando “Aminha amiga Propoletra”, à venda em Angola.


Francisca, obrigada pelo seu tempo e partilhar comigo (connosco) mais um bocadinho do teu mundo artístico! Esperamos o melhor para os teus projectos e que possamos ver mais trabalhos teus pelo nosso mercado.




Comments

  1. :)... Que entrevista interessante, ha dada altura deu-me a impressão de vos conseguir ouvir daqui,rsr, Sério ! Vocês passam uma vibe boa para o leitor...

    Bem-haja Lwsinha e Francisca ! Tenho muito orgulho de vocês, por serem Angolanas, Criativas e com os pés bem assentes à terra... Verdadeiras MULHERES de valor :).

    Que Deus vos Abençoe !

    Bisous.

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    1. Castanha, obrigada!
      Realmente quero conhecer (e achei que quem por aqui passa também beneficiaria) quem está no mercado. Ouve-se muitas vezes falar dos mesmos nomes, mas sei que há muitos caloiros nesse campo. Também, com falta de base de dados, sites ou algum lugar aonde se pode encontrar informação desses novos escritores e as suas obras, acredito que pelos menos nós vamos nos informando com essa rubrica.

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  2. Olá Lwisinha querida !
    Parabém pela rubrica, amei a intervista , gosto da ideia de escrever pra crianças , de fazer algo que de alguma forma ajudara no desenvolvimento desses será doces , importantes e ao mesmo tempo frágeis e facilmente entregues a aculturação e a Francisca parece fazê-lo muito bem , embora nunca li seu livro . É uma iniciativa que tem 150% (rsrsrs) dos meus votos , embora não representam nada.

    Espero agora pelo teu livro também Lwsinha!
    Sucessos Sucessivos ...

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    1. Laudy,

      Obrigada pelo apoio. Que assim seja...

      Já publiquei três vezes sobre a Propoletra aqui no blog. Poderás ler a estória aqui: http://dicaspensamentosdelulu.blogspot.com/2012/02/minha-amiga-propoletra.html?m=1

      Volta sempre que terei a oportunidade de entrevistar outros escritores/autores.

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