Na biblioteca

Em passos lentos e incertos
Entrei pela primeira vez
No maior enigma que até hoje havia vivido
Serrei os olhos
Iludida de que podesse acordar
Uma tentativa em vão
A maior desilusão
Aventurei-me pelos corredores
De torres altas e repletas de arquivos e memórias
Fantasias e aventuras
Autoreadas como se desnorteadas
Aonde ficção, lendas e canções
Adornam os espaços quase que obscuros
De ambiente calmo e centrado
Mas sinistro a quem não está acostumado
Grupos falavam quase que em pantomina
Em silenciosos afazeres por vezes não objectivados
De olhares perplexos e semblantes exaustos.
Atarefados contra prazos determinados
Empanicados com o decorrer do tempo
Que se ouvia gigante dentro do silêncio habitual
Os volumes chamavam-me em vozes históricas
E mistérios talvés já não citados
Vividos em cada uma das linhas para sempre imprimidas
No papel que hoje já amarelado
Ou tão brilhante e estaladiço que se fazia lâmina de conhecimento.
Aceitei ser um mundo estranho
Confortante em alguns cantos pela decoração
Mas sombrio e frio noutros pela falta de emoção
Forcei-me e encontrei o que me encantava
Apesar de não saber porque, nem o que me mandava
Sentei-me e deixei-me levar
Por sentimentos misticados por curiosidade
Que albergava esperança e triturava o meu medo
Entrei para uma viagem vendada
De itinerário vazio e destinos incógnitos
Uma jornada categoricamente leitural
Cada exemplar chamava-me, ou assim parecia
Com mensagens inovativas e imagens encaracoladamente cativas
Das que percorrem o ser, abraçam a alma
E acariciam o ego conceitual
Perdi-me!
Mas encontrei um novo amor
Na biblioteca.




Comments

  1. ... Gosto MUITO desse teu poema, tem um "miolo" muito interessante uma espécie de "fantasia realista", lol, descreves nele um desencadear de sentimentos que por um lado parece justificar o que as vezes repele-nos da vontade de ler um livro e começar uma viagem rumo ao desconhecido, mas por outro lado fazes uma descrição destemida e motivadora para todo aquele que tem se visto vacilante na vontade de ir à uma biblioteca ou de tirar um tempo para ler um livro... Soa-me como um convite para que ousamos "flutuar" nas asas do descobrimento com a garantia de que isso nós há de permitir um abandono de conceitos velhos, um renovo, sem falar da melhor sensação de todas (a PAIXÃO) q inevitavelmente há de se despontar e finalmente sentir-nos-emos "encaracoladamente cativ@s" no universo imaginário que as letras nos permitem experimentar... : )!

    Aprecio a tua escrita Malu... É bonito e muito interessante poder sentir o equilíbrio de teu ser traduzidos em algumas linhas...

    Mais pessoas precisam "Beber" um pouco disso que nos tens dado... Também quero ver livros teus nas estantes das livrarias e bibliotecas ao redor do mundo (creio por isso falo ;). Beijitos de bom dia !

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    1. Agradecer-te pelas tuas palavras não é o suficiente. Mas rendo-me por me faltarem palavras... Obrigada pelo teu apoio e pela forma detalhada com que descreves o que sentes! Que a vontade dele seja feita... <3 Bisous

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  2. Lwsinha primeiro me deixa confessar uma coisa: "Quando eu entro no teu blog fico sem forças pra fazer comentários, sem excepção ao género ou tipo de linguagem, simplesmente não encontro meios pra expôr com minhas meras palavras aquilo que realmente tem de ser dito sobre o que escreves"
    Quando leio teus textos sinto que tenho muito que aprender e crescer nisso de digo gostar (escrever). A tua forma de escrever é única e forte, a forma como descreves determinada situação(personagens, local e +) é simplesmente especial.

    E não foi diferente com este super hiper mega lindo e magnífico poema. Sente-se vida, fica-se empolgado, lê-se até o final e se respira fundo ao se deparar com o ponto por se almejar pelo menos um pouco mais.

    Enfim, se continuar ainda me babo. Fantástico.

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    1. Laudy, assim deixas-me tu sem palavras... Obrigada pela paixão com que lês e interpretas o que escrevo. Espero apenas continuar a ter-te como passageira assídua essa viagem... Eu continuarei a escrever.

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    2. Com certeza, não tem como perder o metro aqui do blog, nem mesmo pensar em chegar tarde a paragem. Amo o teu canto! Sucessos em 2013...

      Quero continuar a ler crónicas arrebatadoras quanto as tuas!

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