Por ai do "Envolvida"

O Envovida foi mais de uma vez publicado aqui no D&P.

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O salão estava cheio e tive de esperar um bocadinho. Levava o cabelo solto, que após as gravidezes, estava longo até ao meio das costas. Não havia dito nada a ninguém prà não ser convencida de fazer o contrário. Esperei 20 minutitos que deu-me tempo de terminar de ler o livro que levara já no fim.

- Pi, chegou a tua vez.

Levantei-me e confidente nas minhas sandálias plataformas, bermudas amarelas e camisa partes-cornos branca, caminhei até a cadeira da Tuchinha aonde sentei-me e pedi-a que cortasse, mostrando-a com os dedos a quantidade que queria que deixasse. Numa mudança drástica, quase que punitiva, queria cortar o cabelo bem rentinho e decidi usa-lo natural.

- Porquê? O teu cabelo está a crescer tão forte?

- Está. Mas preciso de um novo visual. Um novo começo?

- Vejo que sim, toda sexy como estás hoje.

- Sinto-me nova e rejuvenescida. Só falta o cabelo prà complementar.

- Vais te arrepender…

-  Talvez sim, mas hoje é o que quero.

-  Epá! A cabeça é tua.

-  Mm-hum! Obrigada por entenderes.

A Tuchinha fez um to-to não apertado e cortou-o como recordação pra mim. Endireitou o resto caladinha até começar a ajeitar a nuca com a máquina.

- Até que ficou fixe. Está a ficar muito bem na tua cabeça.

- Vês!?

- Mas não deixa de ser loucura.

- A vida é feita delas, Tucha.

- Já podes ver.- disse no fim de tudo, ignorando o que havia dito.

Eu adorei! Sentia o pescoço livre e a cabeça mais leve. Sentia-me mais nova.

Sai do salão, pedi ao motorista que levasse a minha carteira prà casa e fui caminhando até lá. Passei por umas das pequenas livrarias... Por coincidência, a Verónica ia a sair quando eu cheguei a porta.

-  Verónica!?

-   África, tudo bem?

-    Uiii! Curti o teu novo estilo,disse-a, pois havia rapado os dreadlocks. Parecia ainda mais atraente. Trazia um vestido florado de alsinhas até os joelhos e sandalhinhas rasas. Não fosse a maquilhagem meticulosamente feita, como se desenhada na cara dela, e as reluzentes unhas em manicure francesa, ela podia ser confundida com uma miudinha.

-  Também gostei do teu!

-  Acabado de fazer…

-  Que bichinho mordeu-te?

-  Precisava de mudanças. Depois de acabada uma fase tumultuosa para mim e o Jú, com o emprenho dele no vosso projecto, eu precisava de algo novo prà mim e prà ele. E tu? Os teus dreads eram tão lindos!

-  É isso! Também precisei de mudanças, depois de uma curta relação oculta que não deu em nada...

Ewé! Se pudesse pedia-te desculpas, mas sei que me odiarias se soubesses as minhas razões, pensei. - Lamento em saber...

-  Tu tiveste muita sorte. Tens um parceiro exemplar.

-  Como assim?

-   Ele fala de vocês a todo o tempo e preocupa-se com o vosso bem estar. Durante o nosso projecto, ele falava de ti e dos filhos 2 a 3 vezes durante o encontro.

-  Dos bastidores é difícil reconhecer os reconhecimento do nosso parceiro, principalmente quando deixamos que possíveis medos e inseguranças interfiram.

-  Alguma vez sentiste medo?

-  Nunca! Menti. Digo no geral…

-  Ohhh! Não pareces ter algo a temer. Como disse, ele é o parceiro ideal.

-  Obrigada por relembrares-me.Também gostas das livrarias pequenas?

-  Sim, gosto. É como se fosse um refúgio…

-  Eu passei a encontrar livros antigos com surpresas escondidas neles. Visita-las passou a ser o meu ritual enquanto estava grávida da minha menina. Até distrair-me por uma doentia obsessão.

A Verónica despediu-se depois de olhar para o relógio, dizendo que precisava “de encontrar algo para um novo amigo com quem posso vir a desenvolver algo.Estamos a levar as coisas nas calmas. Se calhar tu conheces” disse. "Ele chama-se Juninho e é amigo do Jú."

Não conseguiu o meu e está a investir no amigo mais parecido com ele, pensei sarcasticamente e despedi-me dela. Bem, pelo menos saiu do meu caminho…

Na minha raivinha- está bem, ciúmes- fui para o meu habitual canto dos livros antigos, esperando ser captivada por alguma mensagem escondida pelos livros que me distraísse; que tirasse a minha mente daquele reencontro. Puxei da prateleira o primeiro livro que toquei e na página da dedicatória da autora, essa mensagem derreteu-me por completo:

Minha pequena.,
...o melhor amor é aquele que acorda a alma e nos faz querer mais, que põe fogo em nossos corações e traz paz as nossas vidas, foi isso que tu fizeste comigo e era isso que eu queria ter feito contigo para sempre...               
        - Nicholas Sparks (Diário de uma paixão)-
Deixa-me mostrar-se o que eu sinto e ensinar-te a sentir por mim também.
Amo-te,
O homem de gigantesco amor.

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