Coração vazio
Lourdes saiu de casa cedinho. Não queria perder a oportunidade de sentar-se na primeira fila da graduação da pré-escola do seu único filho. Depois de perder a mãe, o marido e o sogro num acidente de viação há quarto anos atrás, o filho havia sido a sua razão de viver.
Foi a primeira a chegar à escola. Disponibilizou-se a ajudar com os últimos detalhes e acomodou-se no centro da fila da frente, enfrente ao palco. Aqui verei tudinho, pensou. Verificou a máquina fotográfica e posicionou a câmara de filmar no trípode em frente a cadeira.
Vestiu o vestido laranja às bolinhas, o que o filho ajudou-a a escolher depois de ter conseguido tirar o luto e pôr parte da indumentária preta que usou por três anos aseguir a perda dos familiares. Xazel, o filho, dizia-lhe várias vezes que gostava de vê-la em cores vivas. Então Lourdes levava-o as compras e os dois perdiam-se por horas a escolher vestes muito coloridas.
Sentou-se em silêncio, evitando falar com as pessoas que a avizinharam na fila. Aplaudiu alegremente os pequeninos que passavam pelo palco para receberem os diplomas. Entretanto nota que o último menino da fila estava pronto a caminhar até a directora, que estava ao centro do palco com as professoras ao seu lado.
- E o meu Xazel? Levantou-se a Lourdes após passar o último menino e enquanto a directora começava já a encerrar a cerimónia. Ninguém me responde? E o meu Xazel? Porque é que não o deixaram passar e ficar com os outros no palco?
A professora da turma graduada, que havia sido a mesma do Xazel, sussurrou algo ao ouvido da LourQdes e as duas saíram do salão. Juntou-se a elas o Dr. Sabalo que também tinha o filho a graduar-se, e conhecia pessoalmente a Lourdes e a família há anos.
- Não me conseguem dizer porquê que o meu Xazel não passou. Aonde é que ele está? Prà isso me teriam dito e eu escusava de o ter trazido. Imagino, o miúdo deve estar despedaçado por não passar com o resto dos colegas.
- Louí, tu tens vindo a fazer parte das actividades da escola no último ano e meio sem o Xazel, disse o Dr. Sabalo.
- O que é isso, Tony? Disse a Lourdes indignada. Nunca vim sem ele…
- Dona Lourdes, o Xazel deixou-nos a um ano de meio atrás…
- Deixou-vos quê? Como se não bastasse, agora falam de coisas sem sentido. Lourdes caminhava incrédula de tudo que a diziam.
- Dona Lourdes, a senhora tem voluntariado na sala de aulas em que ele estaria se ainda estivesse connosco e participa de muitas actividades. Sabe porquê o tem feito?
- Deixem de falar assim… Como porquê? Obviamente que venho pelo meu filho. Que pergunta.
- Louí, o Zelinho já não está entre nós. Ele faleceu, depois de entrar em coma por causa de febres altas como consequência de uma Pneumonia.
- Não! Vocês estão mesmo com toda a vontade de destruir um dos dias mais felizes da minha vida em muito tempo.
- Sem a mínima intenção... Estamos aqui prà ajudar-te…
Lourdes começa aos gritos. Entra em pranto histérico e deixou de ouvir o que a queriam dizer.
[...]
Foi a primeira a chegar à escola. Disponibilizou-se a ajudar com os últimos detalhes e acomodou-se no centro da fila da frente, enfrente ao palco. Aqui verei tudinho, pensou. Verificou a máquina fotográfica e posicionou a câmara de filmar no trípode em frente a cadeira.
Vestiu o vestido laranja às bolinhas, o que o filho ajudou-a a escolher depois de ter conseguido tirar o luto e pôr parte da indumentária preta que usou por três anos aseguir a perda dos familiares. Xazel, o filho, dizia-lhe várias vezes que gostava de vê-la em cores vivas. Então Lourdes levava-o as compras e os dois perdiam-se por horas a escolher vestes muito coloridas.
Sentou-se em silêncio, evitando falar com as pessoas que a avizinharam na fila. Aplaudiu alegremente os pequeninos que passavam pelo palco para receberem os diplomas. Entretanto nota que o último menino da fila estava pronto a caminhar até a directora, que estava ao centro do palco com as professoras ao seu lado.
- E o meu Xazel? Levantou-se a Lourdes após passar o último menino e enquanto a directora começava já a encerrar a cerimónia. Ninguém me responde? E o meu Xazel? Porque é que não o deixaram passar e ficar com os outros no palco?
A professora da turma graduada, que havia sido a mesma do Xazel, sussurrou algo ao ouvido da LourQdes e as duas saíram do salão. Juntou-se a elas o Dr. Sabalo que também tinha o filho a graduar-se, e conhecia pessoalmente a Lourdes e a família há anos.
- Não me conseguem dizer porquê que o meu Xazel não passou. Aonde é que ele está? Prà isso me teriam dito e eu escusava de o ter trazido. Imagino, o miúdo deve estar despedaçado por não passar com o resto dos colegas.
- Louí, tu tens vindo a fazer parte das actividades da escola no último ano e meio sem o Xazel, disse o Dr. Sabalo.
- O que é isso, Tony? Disse a Lourdes indignada. Nunca vim sem ele…
- Dona Lourdes, o Xazel deixou-nos a um ano de meio atrás…
- Deixou-vos quê? Como se não bastasse, agora falam de coisas sem sentido. Lourdes caminhava incrédula de tudo que a diziam.
- Dona Lourdes, a senhora tem voluntariado na sala de aulas em que ele estaria se ainda estivesse connosco e participa de muitas actividades. Sabe porquê o tem feito?
- Deixem de falar assim… Como porquê? Obviamente que venho pelo meu filho. Que pergunta.
- Louí, o Zelinho já não está entre nós. Ele faleceu, depois de entrar em coma por causa de febres altas como consequência de uma Pneumonia.
- Não! Vocês estão mesmo com toda a vontade de destruir um dos dias mais felizes da minha vida em muito tempo.
- Sem a mínima intenção... Estamos aqui prà ajudar-te…
Lourdes começa aos gritos. Entra em pranto histérico e deixou de ouvir o que a queriam dizer.
[...]
Malu... NOSSA !!!!!
ReplyDeleteEstou encantada... Quero mais ((((PLEASE)))).
Partilharei mais em breve, Castanha. Obrigada pela força!
Deletetá muito fixe!!
ReplyDeletepõe só mais um bocadinho da história aqui, por favoooooor!
possas, viajei ya?! vivi mesmo o cenário!
Vou trabalhar nisso, Mai. Obrigada!
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