Luzi, a bailarina

Bailarina via SherViajando

Aproximava-se o carnaval e Luzi, a bailarina de 7 anitos, tinha o primeiro espectáculo do ano, na sua escolinha de dança. Tinham preparado durante meses, mas a menina não queria participar. Luzi, a bailarina, queria dançar o carnaval.
Falou com a mãe, “mamã, quero dançar o carnaval”
“Minha linda, tu és a bailarina principal. Não podes faltar.”
“Mas, mamã…”
Sem esperar que Luzi continuasse, a mãe mexeu a cabeça dizendo que não enquanto negava com o dedo também.
“Os teus colegas estão a contar contigo.”
“Mamã, mas a senhora Lyria sempre disse que quer esteja a bailarina ou não, o espectáculo continua.”
“Não se fala mais no assunto.”
Triste, Luzi sabia que o pai não lhe deixaria ir também.
Enquanto estavam todos distraídos a no fim do dia, a bailarina vestiu a sua saia de bailarina (tutu), pendurou as sapatilhas de ballet no ombro direito, pegou no saco com a sandes que fizera as escondidas e saiu cuidadosamente pela porta da frente de casa, para não ser vista. De mochila as costas, queria ir à marginal de Luanda, aonde seria o desfile no dia seguinte. Decidiu ir dançar o carnaval.
Já terminava o dia, num coreografado pôr-do-sol de diferentes cores que reflectiam nas árvores da zona verde, por trás da casa da menina. Luzi fez a esquina da Ramalho Ortigão, ainda triste e desapontada com a decisão da mãe, pensou: E aonde é que vou dormir? Quem me vai cobrir? Quem me dará beijinhos e irá cantar canções de ninar?
Luzi, a bailarina, continuou a questionar se conseguiria chegar a marginal. Sentou-se no passeio, pousou as sapatilhas de ballet e disse em voz alta, “O que faço agora?”
“Se quiseres podes voltar para casa”, disse-lhe a mãe que a seguira até ali.
“Mamã!” Gritou Luzi e saltou para os braços da mãe. “Desculpa, mamã!”
“Porquê, minha linda?”
“Porque queria fugir e ir dançar o carnaval.”
“Estás aqui e isso é que importa. Amanhã dançarás o carnaval como a bailarina mais linda aos meus olhos.”
“É verdade, mamã, vou dançar amanhã.”
Luzi, a bailarina, deu as sapatilhas de ballet a mãe, que as pôs no ombro direito, e as duas voltaram para casa.
Na tarde do dia seguinte, a menina, os pais e a irmã foram ao espectáculo de ballet. Enquanto esperavam que começasse, Luzi a bailarina, na sua tutu, com as sapatilhas de ballet, dançava imitando os desfilantes do cortejo, ao ritmo do carnaval que se ouvia da enorme janela aberta com vista para a marginal de Luanda. Aos olhos da mãe, Luzi era a bailarina mais bonita.


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