Salseira viciada

“Holla, negrita peligrosa e sabrosa!” Disse-me ao ouvido esse homem que nem mesmo sei o nome, na sua forma de chamar a minha atenção. Apanhou-me desapercebida de corpo tão frio que os meus seios empurravam-se arrepiados do meu vestido. “Estoy listo que me lleves por essa pista.” Que atrevimento! Pensei, mas não consegui resistir, como das duas últimas vezes que estive no Bar Ia, na noite latina.

Fui com duas amigas as primeiras duas vezes. Ele apercebeu-se de mim nas últimas horas que lá estivemos no primeiro dia e não me largou. Mas também não quis que ele o fizesse.

Ele é uns dois centímetros mais baixo que eu, com uma pele lisa em chocolate escuro abrilhantado pelo calor. Veste-se em linho de cores claras, como muitos dos “bailantes” que aventuram-se na enchente daquele clube que hoje estava surpreendentemente vazio. Mesmo assim não o encontrei.

Quando ele localizou-me, levou-me ao salão ao som de Victor manuelle- Ella no que quiere es salsa (Oiçam a ler esse texto para perceber). Como se hipnotizado, o meu corpo deixou-se levar à pista e moveu-se, mesmo comigo a pensar que era atrevimento daquele homem.

O cheiro do perfume dele não ajudou. Estoirou a tensão… O meu vestido girava, gritando liberdade. Senti as minhas coxas acalentarem. O homem agarrava-me apenas com uma mão que me tocava bem no meio das costas, com as pontas dos dedos compridos em leque próximo da base do meu pescoço, tocando a minha pele.

Estava a ficar furiosa com o meu avontade com tal estranho que sabia tão bem como levar-me, como guiar-me, como domar-me. Mas naquele momento era mesmo o que queria, era ser salsada e render-me a conquista roubada de mim.

Ouvi-o respirar no meu ouvido. Sentia-o suar no meu peito. E quando ele largou-me no salão que se abrira em roda para ver-nos dançar, a música possuiu-me e entrei num momento extático que parecia xinguilar entre passos salseiros e saltos de samba.

Parei. Remexi, chamando-o. Ele aproximou-me e tomou-me para o resto da noite, até começar a nascer o sol no horizonte daquele mar que conhecíamos tão bem e que serviu de instrumental para aquela noitada.

E como das duas outras vezes, o homem tirou a mão das minhas costas, acariciou-me o ombro, deslizando a mão suada pelo meu braço e mão. Deixou-me cansada, quente e a querer mais… Esse homem que não bebe, não me deixa beber e não me dá o seu nome. Um homem viciado em salsa e que me contaminou o seu vicio. Será que o verei outra vez?

Comments

  1. A musica, a dança, o perfume, o clima meu Deus consegui sentir até o cheiro do local fisico, como posso abter este romançe?

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    1. Grata por poder levar-te comigo nessa viagem... Ainda está em forma embrionária. :-) Espero poder a continuar a desenvolve-lo.

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  2. UAU !!!!!!!!!!!!!!!!

    Tô arrepiada e tudo... UUAAAUUUU !!!!

    É agora Lwsinha !!! É agora que o "nosso" livrito tem de sair !!! Fogooh! Chega até ser maldade nós dares só um cadim de cada vez, lol... Mata-nos de vez !!! Rsrsr.

    Ameiii querida, MUITO (É forte, é HOT, faz-nos sentir trasladados, tem muito potencial esse conto !

    E esse Victor Manuelle, sim senhor !! "granda queta" ;), lol.

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    1. Que saia realmente o livro, LadyD. Terei de empenhar-me a desenvolve-lo, pois, como disse no comentário anterior, isso é apenas o inicio desse vicio. ;-)

      Desde a primeira vez que ouvi essa "grande queta" que ela move-me... O Victor Manuelle conseguiu não só juntar outras vozes nesse estilo que adoro, mas foi genial a fusão da instrumentalização e letra. Para escrever esse pedacinho eu perdi-me num momento lírico que fiquei em "repeat mode" por algumas horas. Há que agradecer-se a inspiração nesse "cantante" magnifico.

      Bom ver-te por esses lados, .Castanha.! Obrigada pelas tuas palavras e pelo apoio!

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    2. A tua modéstia é linda de se sentir :-)!

      Ok, faz tudo ao teu ritmo minha querida, e no tempo DELE, mas quero que saibas que só te tenho visto crescer, tas no ponto certo para começar a caminhar, na minha humilde opinião (e essa é uma opinião de quem lê e acompanha quase tudo que postas).

      Yah esse Victor é o tal ! To a ouvir os balanços dele desde manhã !!! Da-me vontade de dançar só de ouvir as suas timbaladas. :-))))

      Um grande abraço minha querida. Bom final de semana para ti e para os teus :-*

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    3. Obrigada de coração, .Castanha.! A tempo DELE as coisas sairão, certamente. :)

      Deixaste-te levar pelas timbaladas? Cuidado para não caíres no vicio da salseira e do homem. :)

      Bom fim de semana para ti também, LadyD!

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  3. " Mas naquele momento era mesmo o que queria, era ser salsada e render-me a conquista roubada em mim"oh my God prima, assim acabas comigo, hehehe, que lindo páh,tive que ler bué de vezes porque aqui esta claro e esse trecho é para ler a noite com mais calma, é um romance calienteeee, muy calienteeee mesmo, hehehe.Mais uma vez prima estás de parabéns amo romances que me fazem viajar, e os teus já fazem parte do meu ninho preferido.jokas guapa
    Sandra Bravo da Rosa

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    1. Obrigada, Sandrita! Essa dica de teres de ler a noite apenas fez-me rir. Romance das 500s da noite, não é? ;)

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  4. Também recebi esse comentário da AF (uso apenas iniciais pois não sei se ela quer ser identificada) que partilho por achar pertinente ao que sempre disse que gostaria de ter aqui no blog; críticas contructivas que ajudar-me-ão a crescer na escrita.

    1- Descrição do local construindo uma imagem para o leitor. Por ex: explicando o clima do bar, a localização e tals. Porque fiquei sem saber como era o bar, aonde é que entra o mar, e o por do sol, ou seja, a que horas foste prà poderes ver o por do sol.

    “Parei. Remexi, chamando-o. Ele aproximou-me e tomou-me para o resto da noite, até começar a pôr-se o sol (devia ser o nascer do sol, não?) no horizonte daquele mar que conhecíamos tão bem (então o bar fica perto do mar? E aqui dás a entender que ela e ele já se tinham envolvido, no entanto quando falas do atrevimento dele, soas pudica!) e que serviu de instrumental para aquela noitada”

    2- Apresenta o homem, mas sem querer exagerar no ar de mistério dele, e, homens baixos e com mãos suadas e corpos suados, não é o que a maioria das mulheres considera sexy. Excepto se for um latino ou negro, alto, musculado e com gotículas de suor pelos músculos.

    “Ele é uns dois centímetros mais baixo que eu (se tu tiveres 1,50m e ele for 2cms mais baixo?), com uma pele lisa em chocolate escuro abrilhantado pelo calor. Veste-se em linho de cores claras, como muitos dos “bailantes” que aventuram-se na enchente daquele clube que hoje estava surpreendentemente vazio. Mesmo assim não o encontrei (como assim o bar ta vazio e mesmo assim não o encontras e praticamente em seguida ele te encontra?)”

    3- Fiquei sem perceber se eles já se conheciam ou não! Porque reclamas do “atrevimento” dele mas ao ler o texto pareceu-me que eles já se tinham envolvido, principalmente pela parte do “Estava a ficar furiosa com o meu à vontade com tal estranho que sabia tão bem como levar-me, como guiar-me, como domar-me”; “Ele apercebeu-se de mim nas duas últimas horas que lá “estávamos” (estivemos) no primeiro dia e não me largou. Eu também não quis que ele o fizesse.”; “

    4- Algumas dúvidas:

    “Cochas” (coxas)

    “O homem agarrava-me apenas com uma mão que me tocava bem no meio das costas, com as pontas dos dedos compridos em leque próximo da base do meu pescoço, tocando a minha pele.” (se ele te segurava com apenas uma mão, e a mesma estava no meio das tuas costas, como podem os dedos dele, tocarem a base do teus pescoço? A não ser que especifiques melhor em que região das costas a mão estava ou se o homem tinha dedos anormalmente compridos, pode haver aqui má interpretação)

    “E como das duas outras vezes, o homem tirou a mão das minhas costas, acariciou-me o ombro, deslizando a mão suada pelo meu braço e mão. Deixou-me cansada, quente e a querer mais… Esse homem que não bebe, não me deixa beber e não me dá o seu nome. Um homem viciado em salsa e que me contaminou o (com) seu vicio. Será que o verei outra vez?” ( o final, para mim, é confuso, estranho. Deixa a historia ainda mais confusa).

    Bem, isto foi o que “eu” achei. Espero que não o leves necessariamente a mal, apenas acredito que, se pediste uma opinião é porque querias uma sincera. E porque acho que assim melhorarias o texto e ajudava a evoluir.

    AF (irmã da SF)

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    1. Eis a minha resposta, antes e depois de fazer algumas correcções ao texto:

      Wow! Obrigada por analisares o texto em detalhes. Nunca levo a mal, não... Estou nisso para crescer e tenho apenas a agradecer por teres lido e criticado.

      Obrigada, A.!

      Okay, A., voltei a ler as tuas sugestões... Terei de corrigir algumas coisas sim (ex. É sim nascer do sol e não o pôr-do-sol aliás já corrigi).

      Quanto as tuas perguntas da descrição do sítio, a pudicícia no tom da narradora, e até mesmo a descrição do homem, são intencionais para deixar o leitor reticente. A altura do dançante é mesmo para fugir os padrões que mencionaste, sem regras gerais para atracção. Nesse conto, a personagem narradora sentiu-se atraída ao "homem", mesmo depois de suado... Ele tinha a mão dele direita, como eu visualizei, aberta e centralizada no topo das costas dela. Daí que os dedos tocavam a base do pescoço da salseira narradora.

      É, no momento, um conto curto, escrito rápido e sem edição (até o teu contributo) que ainda sofrerá várias alterações.

      Uma vez mais, agradeço ao tempo que tiraste em dissecar esse texto. O teu contributo fez-me analisa-lo de um ângulo diferente. Espero que possas visitar o blog outras vezes.

      Continuação de bom fim de semana.

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  5. Adorei o teu blog! Adoro salsa e toda a sua sensualidade!
    Texto bonito.
    Um beijo.

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    1. Obrigada, Sweet Cliché! Também espreito lá pelo teu há algum tempo.

      Espero que voltes.

      Jinhos&Beijinhos.

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  6. Encontrei o teu blogue e adorei os teus textos :) Bom trabalho :) Beijos


    puroglamourbykriola.blogspot.pt

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    1. Obrigada, Kriola Puro Glamour! Espero que volte a visitar o D&P.

      Jinhos&Beijinhos

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