15 Dias de Escrita- Estória de Amor

Bom dia, meu amor!

Hoje pensei em ti. Não que não tenha pensado ontem, no dia anterior, há uma semana ou semanas antes disso. Mas hoje foi diferente.

Pela primeira vez percebi que o que sentias (ainda sentes?) por mim permitiu-te soltar-me. Deixaste-me ir viver a vida que eu insisti ser o que eu precisava. Achei-me sob a pressão de viver como um galã e deixei-me levar pelas pressões de saltitar de relação em relação. Sei que não foi pressão alguma e sim escolha minha. Hoje apercebi-me que nisso tudo estiveste magoada. Foste ignorada.

Fez-me escrever a memória do fim do nosso último encontro. Tu, na tua maturidade de sempre, olhaste para mim e pediste que te abraçasse. Pousaste a tua cabeça ao meu peito, como fizeste muitas vezes, e só hoje eu senti o significado daquele teu gesto, a razão da tua respiração, o adeus do toque dos teus dedos quase entrelaçados na minhas costas e depois passarem ao longo dos meus braços antes de pararem na palma da minha mão. Olhaste para mim em silêncio. Áseguir, os teus olhos serrarem implorando um último beijo. Hoje questiono como deixei-te partir há cinco anos atrás. Como o súplico do beijo foi silenciado pelo meu egoismo e imaturidade emocional para ouvir-te questionar a minha decisão.

Ponderei hoje e escrevo-te para implorar-te que me desculpes. Sei que se calhar não venhas a ler essa carta, pois não tenho contacto contigo. Escolheste que cortassesmos toda a comunicação e a tua mudança de comunidade facilitou esse processo.

Continuei a vida que achava ser a que teria para sempre. Mas, percebi hoje que mais ninguém conheceu-me como tu conhecias, aceitou-me por completo e amou-me na complexidade que esse sentimento precisa.

Jamais cobraste de mim qualquer explicação pelos menos actos. Pediste respeito e exclusividade, conhecendo as minhas peribecias, e engoliste todos os bichos.  Hoje sei que foi por amor. Pela forma como te tratei, por não ter sabido valorizar-te, senti-me oco de raiva por desperdiçar anos da minha vida distante da mulher que sem juras e palavras era completamente devota à mim.

Daria tudo nesse momento por reviver aquele último abraço, na esperança que despertasse o meu bom senso para saborear a sinceridade do teu beijo e o extasiante poder no toques dos teus dedos.

Com todo o meu amor,

D&P

Ps: Enviarei para a tua prima na esperança que ela faça chegar essa carta à ti.